Na psiquiatria, existe uma corrente que estuda a relação entre a depressão e o corpo. O que eles dizem é que na depressão o corpo “está sempre aqui”. Tão presente que se torna pesado e vira um obstáculo à qualquer coisa que a pessoa queira fazer. As pessoas têm desde dores inexplicáveis até um aperto na garganta ou no peito constantes e a sensação de que é difícil se mover.
Essas teorias explicam muito do que vemos na depressão. Por exemplo, a dificuldade de as pessoas realizarem atividades simples, não terem força, às vezes, para tomar um banho.
Na verdade, não é que essas pessoas não tenham força, é que a força que elas precisam fazer para superar o “peso” que esse corpo adquiriu com a depressão é enorme.
Mais do que isso, pensa o seguinte: eu vejo as coisas a partir do meu corpo. Como assim? Pensa em uma escada. Eu vejo a escada a partir do acesso que meu corpo me permite a ela. Se eu estou bem, a escada me parece alta, mas é só um meio para chegar a outro local. Se estou cansada e não consigo subir, ela me parece ainda mais alta, um obstáculo quase intransponível e vê-la me dá inúmeras sensações: impotência, raiva, frustração… As minhas possibillidades mudam.
Então quando meu corpo se torna “pesado” na depressão, não só minha capacidade de subir a escada muda, mas a própria escada muda para mim.
Mas não vemos só escadas e todas as coisas do cotidiano ficam deturpadas na depressão. Isso quer dizer que o que me dava prazer antes, agora não me dá nada, só me frustra, me cansa. As pessoas, por exemplo, ficam “distantes” porque o tempo todo usamos o corpo para nos comunicar. Mas, na depressão, esse corpo está vagaroso, ele não consegue participar do jogo de gestos e expressões que ocorre entre duas pessoas. E elas parecem não ser mais as mesmas ou não faz mais diferença se estão lá ou não.
É a solidão em sua expressão mais intensa, em meio a quem mais se ama.
Ou seja, quando o corpo fica “pesado”, além de ser um obstáculo, ele retira dos objetos e das pessoas o prazer que eles davam, o significado que elas tinham.
Não é só isso que ocorre, claro! Nem ocorre da mesma forma em todas as pessoas, cada um é único, sempre. Mas serve para entendermos melhor a depressão e não dispensarmos como “bobagem” as queixas de cansaço, de não ter vontade de fazer nada, de não querer sair com amigos… Tudo isso é parte de algo maior, uma parte central disso que chamamos de depressão.
E o que fazer? Não adianta dizer simplesmente: mexa-se. O corpo está diferente e é algo químico que precisa mudar antes. Então, buscar um@ psiquiatra é o primeiro passo.
Mas isso não quer dizer que é só “química”, e quando você estiver pront@, as outras coisas vão ajudar. Exercícios e, desde o início, psicoterapia são essenciais para uma recuperação mais rápida e duradoura!
E a mensagem final é essa: depressão não é bobagem, mas tem tratamento. Busque ajuda, alguém para te acompanhar nesse caminho de volta a si mesm@.